segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Dificuldade de concentração é um problema, mas tem solução

São muitas as tarefas realizadas em um dia de trabalho. Enquanto desenvolvemos uma atividade, o telefone toca, temos de responder a dezenas de e-mails, discutir vários assuntos profissionais com colegas de trabalho e responder as incontáveis chamadas em sistemas de comunicação internos que piscam por todo o dia em nossa tela de computador. Acrescente-se a isso os compromissos urgentes e os problemas pessoais.

Para conseguir cumprir suas metas e a própria demanda do dia a dia, muitos funcionários desenvolveram o hábito de realizar diversas dessas atividades simultaneamente. Porém, se depararam com um problema: a dificuldade de concentração.

Especialistas afirmam que o excesso de atividades simultâneas, assim como fatores externos e internos da vida pessoal ou do ambiente, influenciam o pensamento e contribuem para a distração. Luiz Fernando de Oliveira, psicólogo cognitivo comportamental, explica que isso acontece porque o cérebro humano é incapaz de processar duas ou mais coisas ao mesmo tempo. “Ele pode até receber vários estímulos, mas não tem capacidade de tomar decisões simultâneas.” A afirmação do especialista é baseada em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos. A pesquisa conclui que pessoas que habitualmente se dedicam a mais de uma tarefa ao mesmo tempo distraem-se com grande facilidade e são menos hábeis em ignorar informações irrelevantes do que pessoas que só se concentram em tarefas ocasionalmente.

Os problemas de concentração podem ser causados por diversos fatores, como ansiedade em excesso, preocupação com o trabalho, com a família, com o lado financeiro, social, pensamentos negativos ou alguma dificuldade de aprendizagem. A psicoterapeuta comportamental Claudia Daher Saad adverte que na maioria dos casos o problema não está no organismo da pessoa, mas sim no ambiente, que apresenta um excesso de estímulos.

No entanto, algumas pessoas realmente desenvolvem problemas mais graves, como distúrbio de déficit de atenção, hiperatividade, depressão e estresse. Nestes casos, tratamentos são necessários. Segundo Oliveira, o excesso de dificuldade em realizar determinadas tarefas, como as que exigem uma atenção prolongada, ou manter a atenção enquanto os outros falam, ter pouca persistência, não completar tarefas, desorganização, mudança freqüente de uma atividade para outra quase sempre sem completar a anterior, não conseguir cumprir horários e sofrer lapsos de memória durante uma leitura, diálogo ou conferência, pode auxiliar na identificação de um dos principais problemas: o distúrbio de déficit de atenção. “Esses sinais também podem aparecer em pessoas sadias, mas nos portadores do déficit de atenção são exagerados”, ressalta o psicólogo.
Atitudes simples melhoram produtividade

Na maioria dos casos algumas atitudes simples podem melhorar a concentração e, consequentemente, a produtividade dos trabalhadores. A seguir, diversos profissionais dão dicas que podem ser seguidas no dia a dia.

Oliveira orienta a estabelecer metas e cronogramas. “Se a tarefa durar mais que um dia para ser cumprida, ao final de cada expediente, faça anotações dos aspectos mais importantes para recobrar rapidamente a memória quando reiniciar o trabalho.” Eliminar o máximo possível de distrações externas, como fechar a porta ou desligar a campainha do telefone; reunir todo o material que será utilizado, como livros, documentos e formulários; e fazer intervalos a cada determinado período de trabalho, como de 40 ou 60 minutos, são recomendados. “Essa recompensa por um período de intensa concentração é importante para manter-se produtivo.”

A psicóloga e psicoterapeuta Sandra Colaiori afirma que um ambiente de trabalho saudável contribui para o equilíbrio emocional dos funcionários e aumenta consideravelmente a produtividade dos mesmos. “As pessoas se sentem bem ao fazer um trabalho estimulante, e os problemas pessoais saem do foco de sua atenção. Um ambiente físico e emocional saudável é melhor para todos, e a gentileza entre os colegas faz muito bem para a saúde.” Para focar a atenção em apenas uma atividade, Colaiori recomenda meditação e ioga: “Com a prática, a pessoa aprende a silenciar os pensamentos”. A psicóloga também recomenda a psicoterapia, pois auxilia a pessoa a aumentar a concentração, a lidar melhor com as emoções e a ficar mais atenta.

Cláudia Danielle Ribeiro Pereira, psicóloga especialista em psicoterapia comportamental cognitiva, concorda com Colaiori ao recomendar a prática de técnicas de relaxamento e optar por trabalhar em ambientes calmos, com boas condições físicas e climáticas. Pereira acrescenta à lista: ter uma alimentação saudável, fazer exercícios físicos regularmente, saber administrar o estresse, procurar trabalhar em contato com a natureza, pensar positivamente, optar por jogos de raciocínio, de memória, de lógica e montar quebra-cabeças. ”Ter uma boa noite de sono também é muito importante, pois o corpo e o cérebro precisam descansar.”

Os problemas de concentração também podem ser consequência de uma qualidade de vida ruim. Portanto, estar bem com si próprio, com a vida e com as pessoas que o cercam ajuda o indivíduo a ter uma vida saudável e a melhorar em todos os aspectos. “Para garantir uma boa qualidade de vida, deve-se ter hábitos saudáveis, cuidar bem do corpo, ter tempo para lazer e atividades que façam se sentir bem, que tragam boas consequências (como usar o humor pra lidar com situações de estresse), além de definir objetivos e, principalmente, sentir que tem controle sobre a própria vida. Esses são parâmetros essenciais para se viver bem”, complementa Oliveira.
Reportagem: Monsanto em Campo Newsletter-Qualidade de Vida , Novembro-2009-Edição xxx- Ano IV