sábado, 14 de julho de 2012

Falando sobre Pena

A pena é um sentimento que tem dois lados, um deles é ajudar as relações empáticas, porém e geralmente quando temos pena estamos pré-julgando a condição alheia. A criança inspira pena nos demais quando se mostra fragilizada, o que pode ser consequente a estar doente, triste, amedrontada, solitária, dentre outra situações. Em geral, o espectador que se penaliza com a criança parte de uma identificação, ou seja, coloca-se no lugar dela e passa a sentir por e não com ela. É quando este mecanismo é acionado, que se instala o sentimento de pena em alguns adultos com relação às crianças, que pode ser desconstrutivo. A mãe ou pai que tem pena de expor seu filho às novas experiência da vida tem maior probabilidade de viver um processo de adaptação conturbada e inasertiva . Da mesma forma, quando os pais têm pena de ver o filho doente pouco colaboram com o tratamento e até dificultam. E mais, os pais se penalizam quando o filho: • Demora a falar e depende dos outros para tudo; • Tem dificuldade de dormir por medo do escuro; • Precisa tomar injeção; • Precisa aprender a se virar sozinha; • Tem muita lição de casa pra fazer; • Chora quando a mãe sai de casa pra trabalhar; • Vai pela primeira vez desacompanhada para a escola; • Precisa tomar alguma medicação controlada; • Assiste ao fim do seu animalzinho de estimação; • Presencia algum tipo de violência; Estas são apenas algumas situações reias do que se comenta no âmbito escolar e doméstico sobre as vivências infantis. Isso é uma pena! Tal sinal, é de que estão vivas, que percebem o mundo a sua volta, estão aprendendo, observando, refletindo sobre o próprio hambiente e suas relações interpessoais. Claro que ninguém irá expor intencionalmente o filho a uma situação estressante só para que ele tenha a “oportunidade” de aprender algo. Porém, o extremo oposto –poupar, negar, a existência de uma situação dolorosa para a criança, alegando pena, receio de que ela não aguente a situação é menosprezá-la, é considerá-la incapaz de lidar com as dificuldades da vida e, mais, é impedir que ela, a partir da própria experiência, vá desenvolvendo recursos para se proteger e superar obstáculos. Quem nunca escutou, por exemplo, os pais defendendo a ideia de que é melhor não dar um cachorro à criança, pois se ele morre a criança irá sofrer muito com isso. Privar a criança de usufruir a oportunidade de criar um animal de estimação, pelo receio de um dia , talves, chatear-se com a ausência dele, é algo que se pode questionar. O quando a dificuldade dos próprios pais em lidar com perdas e frustrações pode interferir na forma de educar os filhos, também merece atenção. Quando os pais cuidam de seus próprios medos e inseguranças, não precisam repassá-la aos filhos. Afinal, como já foi dito acima, a pena geralmente é acionada a partir de uma identificação de algum conteúdo mal resolvido, quando a dor da criança mistura-se com sentimentos dos pais, confundem-se uns com os outros. A criança precisa de apoio, sempre, pois a referência de ser e construir sua personalidade depende da orientação que ela recebe durante este processo, e nada melhor do que o olhar atento dos pais, professores e pediatras, adultos mais próximos e significativos para a criança. Estar ao seu lado e acompanha-la em seus momentos difíceis, escutando suas dúvidas, medos e frustrações, acolhendo sua ansiedade ou Impaciência, aceitando seu medo e outros sentimentos, também é estar junto dela. As crianças não precisam de que façam as coisas por elas; precisam, sim, sentir-se amparada para enfrentar suas inseguranças e prosseguir em frente trilhando seu próprio caminho. Quando sentimos pena de alguém, pré-julgamos suas reais possibilidade, ou seja, menosprezamos sua capacidade e perdemos a possibilidade de verdadeiramente ajudar.

domingo, 11 de março de 2012

Comportamento Agressivo

Com tanta exposição a violência que há no mundo de hoje, uma das coisas que mais preocupam os pais está na manifestação inicial de um comportamento agressivo.
Todos nós, seres humanos sentimos raiva em vários momentos e experiências de nossas vidas, o que é normal dentro de nossa constituição humana, porem quando uma criança muito nova, entre dois e seis anos, passa por alguma frustração ou está assimilando regras sociais e limites, ainda não sabendo lidar com emoções mais fortes e significativas acaba expressando algum comportamento não aceitável e incomodo de algum modo.
Da mesma forma que se deve elogiar a criança no momento de comportamentos positivos, é primordial que exista uma repreenda quando são negativos, para que possa entender e aprender a diferenciar o comportamento positivo do negativo.
É evidente que ela não aceitará as regras e nem os limites dos adultos sem resistência e até irá repetir o comportamento negativo (não aceitável) para testar a veracidade da proibição e a persistência dos adultos responsáveis, ou seja, elas testam a paciência.
Para isso, ela observa com muita atenção no comportamento das pessoas que estão a sua volta e avalia se há consistência e coerência nas regras impostas, ou seja, se os limites valem tanto para o pai quanto para mãe, se é possível cumprir o determinado por eles e se é justo o que está sendo pedido.
Nunca, em momento algum, independente da idade da criança, subestime sua capacidade de observação e compreensão. Toda criança estará sempre atenta a toda atitude e comportamento dos pais para sentir confiança e segurança em seguir seus ensinamentos.
Assim, é fundamental que os pais ou responsáveis conversem entre si para definir e garantir os rumos de uma educação socialmente aceitável para uma melhor qualidade de vida. Isso é fundamental principalmente para pais separados, que não aconteça de um deles exigir e o outro ceda abrindo mão do que fora determinado. O sentido duplo da mensagem gera confusão e desequilíbrio emocional, pois a mesma não saberá como agir e o que se espera dela.
O que fazer, então, quando perceber que a criança está com raiva. Em primeiro lugar, nomeie o sentimento que a incomoda para que aprenda, dizendo-lhe abertamente que sabe que está com raiva e que pode ajudá-la a sentir melhor. Use palavras claras e que contenha de preferência significados que a idade dela compreenda, sem grande argumentação, pois depois de algum tempo, a criança se entendia e desliga. Reafirme seu amor por ela, pois seu maior medo é perder o amor dos pais a das pessoas de quem depende e ama. Jamais diga que ela é feia, ruim ou mal por estar com raiva, lembre se que o sentimento de raiva é um sentimento e faz parte da nossa constituição humana.
Leva-a para um ambiente seguro, que não exista perigo ou possibilidade de machucar-se. De preferência para seu próprio quarto. Pegue uma almofada e peça que a use da maneira que sentir vontade, esclarecendo que o objeto pode substituir aquilo que a esta incomodando. Pode inclusive usar um João-Bobo (brinquedo) ou socar a cama.
Outra forma de expressar a raiva é pegar papel e lápis, desenhando a raiva ou mesmo escrevendo sobre ela. Estes exercícios de expressão emocional fazem com que a criança assimile que pode e deve colocar para fora a raiva, uma vez que não é saudável guardá-la dentro de si, mas expressá-la em situações controladas e dirigidas.
Resumindo a agressividade na criança muito nova é uma forma de expressar que algo não está bem com ela e as pessoas que vivem e estão ao seu redor devem ficar atentas para o que está ocorrendo de diferente, observando sempre de qual ambiente possa estar gerando tal comportamento.
Com a maturidade estes comportamentos vão se rareando e desaparecendo. O mais importante é perceber, leva tempo, exige paciência e muita perseverança dos pais ou adultos responsáveis pela criança.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Homem Lúcido

O Homem Lúcido sabe
que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que ele nunca se entusiasma com ela
Assim como ele nunca tem memórias

O Homem Lúcido sabe
que o viver e o morrer
são o mesmo em matéria de valor
posto que a vida contém tantos sofrimentos
que a sua cessação não pode ser considerada um Mal

O Homem Lúcido sabe
que ele é o equilibrista na corda bamba da existência
Ele sabe que por opção ou por acidente
é possível cair no abismo a qualquer momento
interrompendo a sessão do circo

Pode também o Homem Lúcido
optar pela vida
Aí então Ele esgotará todas as suas possibilidades

Ele passeará pelo seu campo aberto
pelas suas vielas floridas
Ele saberá ver a beleza em tudo!

Ele terá amantes, amigos, ideais
urdirá planos e os realizará
Resistirá aos infortúnios
e até mesmo às doenças

E se atingido por um desses emissários
saberá suportá-lo
com coragem e com mansidão

E morrerá, o Homem Lúcido, de causas naturais
e em idade avançada
cercado pelos seus filhos
e pelos seus netos
que seguirão a sua magnífica aventura.

Pairará então sobre a memória do Homem Lúcido
uma aura de bondade
Dir-se a: -Aquele amou muito. Aquele fez muito bem as pessoas!

A Justa Lei Máxima da Natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem se iguale sempre à quantidade acontecimentos favoráveis

O Homem Lúcido porém, esse que optou pela vida
com o consentimento dos deuses
tem o poder magno de alterar essa lei

Na sua vida, os acontecimentos favoráveis serão sempre maioria...

Porque essa é uma cortesia que a Natureza faz com

Os Homens Lúcidos

*O texto é uma livre tradução, parte de um Tratado sobre a lucidez, que teria sido escrito no séc. VI a.C, na Caldéia – parte sul e mais fértil da Mesopotamia, entre os rios Eufrates e Tigre